foto: Jefferson Santa Brígida/Amazoom Press)
Oito equipes disputam o campeonato paraense de futebol profissional de 2011 e parece que uma grave crise de gestão ronda a maioria desses clubes. Antes, o que parecia ser exclusividade dos titans da capital, Clube do Remo e Paysandu, portadores de imensas dívidas e amplamente divulgadas. Parece que essa fronteira cruzou os limites da capital e também atingiu os times do interior, que normalmente costumam investir menos que os da capital, e agora estão com os pires nas mãos.
Para crescer e se tornar "grande", como alguns querem ser tratados, é preciso investir alto e criar uma estrutura capaz de manter um crescimento sustentável. É necessário ter uma administração dinâmica e moderna, que gere novos recursos, o que parece não está acontecendo com nenhum de nossos clubes.
São Raimundo, Castanhal e Águia de Marabá são equipes do interior, consideradas emergentes, que recebem patrocínio do governo do estado, das prefeituras locais e de empresas privadas, que chegam a injetar uma soma considerável de recursos mensalmente nesses times. Os problemas de gestão apresentados pelos emergentes parecem ser os mesmos enfrentados pelos considerados "grandes" da capital.
Muitos criticam e comentam, até com razão, sobre as décadas de desmandos e crises financeiras e administrativas protagonizadas pelos represntantes da capital. Clube do Remo e Paysandu são os principais personagens dessas crises, seguidos de perto pela Tuna Luso que é coadjuvante e também faz parte do problema.
O Clube do Remo, que atualmente é um time fora de série, ou seja, sem divisão no cenário nacional, parece que só está se mantendo em funcionamento devido o patrocínio que recebe, desde 2010, do governo do estado, o que provavelmente tenha salvado o clube da falência e das ameaças constantes de leilões que rondavam o estádio Baenão e a área do antigo Carrossel. O clube possui outros patrocínios privados que ajudam a amenizar os graves problemas financeiros e com a justiça do trabalho. Durante a gestão anterior, a todo instante apareciam notícias ruins e o então presidente, Amaro Klautau, dizia que o clube deveria vender patrimônio, no caso o Baenão ou o carrossel, para poder fazer caixa e pagar as imensas dívidas, como se já não bastasse a perda da sede campestre de Benfica, por problemas de dívidas.
Três meses após a nova diretoria assumir, a coisa parece que amenizou um pouco, apesar da maioria dos problemas ainda continuarem. A dívida total do clube, junto à Justiça do Trabalho, beirava os R$ 9 milhões e agora gira em torno de R$ 7,3 milhões.
O Clube do Remo conseguiu, através de acordos, reduzir de 105 para 45 o número de processos contra o clube na 13ª Vara Trabalhista do TRT da 8ª Região.
No Paysandu, os problemas são similares mas parece que a crise é um pouco menor que a do maior rival, porém não menos preocupante. Os problemas administrativos e financeiros no clube bicolor giram em torno da centralização de poderes e da disputa interna entre grupos rivais. Assim como o Clube do Remo, o Paysandu também recebe os mesmos patrocínios do governo do estado e dos demais patrocinadores privados. O bicolor leva vantagem sobre os demais concorrentes por ter vencido o primeiro turno do atual campeonato, apesar da péssima campanha que vem fazendo no segundo turno.
A Tuna Luso não fica atrás de seus eternos rivais. Apesar de ter um volume menor de investimento, os problemas administrativos e a falta de patrocínio perseguem o clube há pelo menos uma década. A Lusa também recebe patrocínio mensal do governo do estado, porém o valor é infinitamente menor que os recebidos por Clube do Remo e Paysandu. O patrocínio de empresas privadas não tem chegado até os cofres do clube. Segundo seu presidente, as dívidas trabalhistas da Tuna existem mas não chegam a preocupar pois não são tão grandes quanto as de Clube do Remo e Paysandu. O fato da Tuna estar devendo cerca de três meses de salários para os jogadores profissionais, como divulgado pela imprensa, parece não ser tão preocupante para o presidente, porém os jogadores não pensam assim!
No início dessa semana estourou uma crise inesperada no embalado São Raimundo. Apesar da boa recuperação que o time vem realizando no segundo turno, o problema anunciado pela imprensa é referente ao atraso de dois meses de salários. Ora, muitos perguntam como pode um time que tem patrocínios certos do governo do estado, da prefeitura local e de outros patrocinadores privados consegue deixar atrasar os salários dos jogadores? Talvez pela falta de planejamento. Com a resposta a diretoria do clube!
Parece que entre vivos e feridos, apenas Cametá, e Independente, pelas campanhas que estão realizando, estão se salvando (por enquanto!) dessa crise. Isso se o Independente não for vendido antes do final do campeonato!
Não sabemos como estão as finanças de Castanhal e Águia de Marabá mas se formos levar em conta as campanhas de ambos, a coisa não deve estar boa por lá também!
Não sabemos como estão as finanças de Castanhal e Águia de Marabá mas se formos levar em conta as campanhas de ambos, a coisa não deve estar boa por lá também!
Seja quais forem as razões, será que com tantos problemas e desmandos administrativos teremos um final feliz em nosso desprestigiado campeonato?
Caso o Clube do Remo não seja pelo menos o campeão do segundo turno e em conseqüência disso fique de fora da série D nacional (novamente), conseguirá o Leão patrocínio para sobreviver por a mais uma temporada fora de série e sem divisão?
Há pelo menos uma década que os times do interior vem beliscando um título estadual, sem sucesso até o momento. O Castanhal Esporte Clube iniciou esse cíclo e foi vice campeão paraense em 2000, seguido por Ananindeua em 2006, Águia de Marabá em 2008, São Raimundo em 2009 e novamente Águia de Marabá em 2010. Nos demais anos entre 2000 e 2010, a Tuna Luso foi vice campeã por três temporadas (2002/2003/2007), enquanto que Paysandu e Clube do Remo dividiram dois vice campenatos, em 2004 e 2005, respectivamente.
Será que em 2011 teremos o início de uma nova e inédita década com campeões vindos do interior?
Os sinais dos novos tempos indicam que provavelmente teremos um plebiscito para sabermos se a população do Pará deseja ou não dividir o estado em três. Se a divisão for a vontade da maioria, certamente novos times e novas forças surgirão no futebol regional. O que será que o futuro nos reserva?
Nenhum comentário:
Postar um comentário