Desvendar a história de
uma das mais emblemáticas camisas do norte do País não é tarefa das menores.
Afinal, a história da camisa é tão antiga e diversa quanto a história do
próprio clube. Ente idas e vindas, essa camisa oscilou entre altos e baixos
escalões do futebol nortista e brasileiro. Nesse texto, busco apresentar um
breve retrospecto histórico sobre o manto verde-branco que empunha a Cruz de
Malta, a camisa da Tuna Luso Brasileira.
Em 1906, no contexto de extinção do Yole Club do Pará e o
Syrio, a então Tuna Luso Caixeiral funda seu Departamento Náutico. Naquele ano,
a Tuna inaugurou sua vida esportiva, participando dos campeonatos de regata na
baía do Guajará, famosos à época, e que na década de 1920 consagraram a
agremiação como a “Rainha do Mar”. Os jovens portugueses entusiastas da
empreitada, decidiram por criar uma flâmula que representasse a vida esportiva
do Clube. Escolheram, portanto, a cor branca e o símbolo pátrio e marítimo
português: a Cruz de Malta. Na camisa dos remadores, repete-se a simbologia:
eram brancas e com a Cruz de Malta, em vermelho, no lado esquerdo do peito. A
Tuna recebera, aqui, o símbolo que, anos depois, comporia seu escudo principal,
que à época, tinha a presença da Clave de Sol, em referência aos objetivos de
fundação do clube: ser um grupo executante de canções portuguesas.
Grupo Náutico em 1929. A Flâmula Esportiva aparece como plano de fundo para os rostos dos atletas remadores. |
Em 1915, o futebol chega ao clube de forma amadora. Por
ser uma atividade esportiva, mais uma vez a Flâmula Esportiva entrou em cena. As
camisas dos jogadores seguiram a mesma composição daquela escolhida, 14 anos
antes, para representar o clube nos esportes náuticos. Assim, a Cruz de Malta
se consolida como o símbolo esportivo do clube, e em todos os esportes por ele
praticado, sua presença era obrigatória. A cor verde encontrava-se,
inicialmente, em detalhes nas golas e mangas da camisa. Nessa época, não havia,
ainda, a faixa lateral. Com a profissionalização do futebol, na década de 1930,
encabeçada por Francisco Vasques, o padrão da camisa se manteve. Por isso, por
forças históricas e estatutárias, a camisa número 1 da bicampeã do Brasil é branca
com detalhes verdes. É no final da década de 1940 que a faixa lateral começa a
compor a camisa tunante, com início no ombro esquerdo e findando próximo ao
lado direito da cintura. Nessa época, também, surge a camisa invertida, isso é,
verde com detalhes e faixa branca, com a Cruz de Malta em vermelho, no lado
esquerdo do peito.
Tuna Luso em 1945. |
O time da Tuna em 1952 já apresenta a camisa verde e a faixa diagonal branca. |
Mudanças ainda chegariam, mais tarde, na camisa tunante. O uso do escudo completo no lugar da Cruz, cores diferentes para as camisas de goleiros, além dos recentes terceiros uniformes. Esse assunto nos aguarda em nossa próxima crônica. Até lá!
Texto, pesquisa e levantamento: Italo L. S. de Souza.
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