quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Remo, Paysandu e Tuna imorredouro


Foram aprovados, ontem, três projetos de lei de autoria do deputado Raimundo Santos, líder do PEN, pelos quais Clube do Remo, Paysandu Sport Club e Tuna Luso Brasileira passam à condição de Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado do Pará.
Em sua justificativa, o deputado historia que, no início do século XX, o remo era o principal esporte praticado no Pará. As disputas náuticas eram travadas na baía do Guajará. E entre as melhores equipes estava o Sport Club do Pará. Um grupo de sete desportistas, integrado por Raul Engelhard, Victor Engelhard, Eduardo Cruz, Vasco Abreu, Eugênio Soares, Narciso Borges e José Henrique Danin se desentendeu com os demais e, com o apoio de mais 14 aliados, fundou um novo clube, o Grupo do Remo, no dia 5 de fevereiro de 1905.
Já em 1908, com apenas 3 anos de existência, o Remo viveu sua primeira grande crise: sem conseguir renovar o aluguel da sede, foi decretada a sua extinção. Foi preciso mais três anos para que o grupo formado por Oscar Saltão, Antonico Silva, Geraldo da Mota(Rubilar), Jaime Lima, Cândido Jucá, Harley Collet, Nertan Collet, Severino Poggy, Mário Araújo, Palmério Pinto e Elzeman Magalhães reorganizasse e consolidasse o Remo como um dos clubes mais antigos do Brasil.
O Paysandu foi fundado em 2 de fevereiro de 1914, depois de um desentendimento com a diretoria da Liga Paraense de Foot-Ball, atual Federação Paraense de Futebol (notaram que Leão e Papão nasceram de dissidências e no início de fevereiro?)
Conta a crônica esportiva que, naquele ano, o Norte Club, inconformado com o resultado de uma partida com o Guarany, pediu à Liga Paraense de Foot-Ball a anulação do jogo, alegando diversas irregularidades. Não obteve guarida. Então, os insatisfeitos criaram um movimento e, no dia 1º de fevereiro (ô mês emblemático!) de 1914, o jornal O Estado do Pará publicou a convocação para a reunião de fundação do novo clube, denominado Paysandu Foot-Ball Club, por proposição de Hugo Leão, líder do movimento que presidiu a primeira assembleia geral. O nome foi escolhido em homenagem ao feito glorioso e heroico da Marinha de Guerra brasileira ao transpor o Passo do Paysandu, na guerra contra o Paraguai.
A expressão “Papão da Curuzu” foi criada em 1948 pelo jornalista Everardo Guilhon, ao dar a manchete do jornal A Vanguarda: “Hoje treina o bicho-papão”. O apelido pegou entre os torcedores.
A Tuna Luso Caixeral surgiu no dia 1º de janeiro de 1903, fruto do Grupo Executante, integrado por jovens portugueses trabalhadores do comércio de Belém do Pará, liderados por Manoel Nunes da Silva, e que se reunida no extinto Café Apolo. Tuna significa uma orquestra ou conjunto popular, Luso é referência à nacionalidade de seus fundadores, e Caixeral a totalidade dos que trabalhavam no comércio conhecidos como caixeiros. Mais tarde, em 1926, foi denominada Tuna Luso Comercial e, por fim, em 1968, Tuna Luso Brasileira.
Escrito em 30 de novembro de 2012 http://www.raimundosantos.com.br/tags/noticias


2 comentários:

  1. Que bom a Tuna ter sido lembrada e reconhecida no seu valor histórico. É um clube antigo. Uma falha dela talvez tenha sido ter analisado mal a realidade que é complexa (inclusive a visão de novas possibilidades, ver as condições de época e fazer projeções futuras) e não ter havido empenho há décadas em buscar conquistar mais torcedores das classes mais populares. Agora, com uma torcida mais reduzida tem certas dificuldades. Outros clubes pelo Brasil começaram sem muita penetração entre o povo e depois conseguiram ter uma torcida considerável. No Rio de Janeiro o Vasco conseguiu na primeira metade do século XX ser um clube não só de portugueses e seus descendentes, como também de muitos brasileiros em geral.
    Agora, com a realidade atual, a concentração de torcedores é bem mais forte na Região Metropolitana de Belém em torno de dois clubes. E isto é reforçado pela mídia e por outros setores da sociedade. Modificar esta realidade, de forma mais ampla, é difícil sem maiores condiçoes de investimento no esporte. E assim, com menos torcida menor a capacidade de atrair investimentos e com esta capacidade menor é menor o aumento da torcida. É um círculo vicioso rígido que se mantém. Mas a Tuna tem de persistir e buscar meios de encontrar novas fontes de renda e continuar a se empenhar por conquistas no esporte.
    O caminho tem suas dificuldades, mas precisa ser percorrido. Márcio

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  2. Se nos organizarmos e nos unirmos em torno de uma mesma proposta, a questão da torcida poderá ser superada em pouco tempo. Se tomarmos como exemplo os times do interior, que sem qualquer tradição ou estrutura foram campeões por dois anos consecutivos, depois de mais de cem anos, então é possível sim. Basta que todos queiram!

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