segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A Tuna é fundamental

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 23)


Há quase duas semanas, quando a Tuna foi fragorosamente derrotada pelo Sport e ficou a um passo da eliminação, escrevi uma coluna carregada de críticas à desambição da diretoria lusa. Reclamava do desmazelo com que o futebol era tratado no Francisco Vasques e chegava a questionar a opção, improvisada, por Flávio Goiano como técnico. Coincidência ou não, a partir daquele revés, a Tuna voltou a ser Tuna, confiante e vencedora.

Quem gosta de futebol sabe que o retorno da tradição tunante à divisão de elite é, seguramente, a melhor notícia deste final de temporada. A emoção provocada pelo desfecho surpreendente da definição das vagas, ontem, confirma a importância que a Tuna tem para o equilíbrio de forças no campeonato paraense. Irrompeu então, assim do nada, uma fiel e apaixonada torcida, que costuma ser discreta e ordeira até nas comemorações.

Até foguetes foram ouvidos pela cidade, em manifestações de contentamento mais comuns aos torcedores de Remo e Paissandu. Já nos acostumamos a ver no tunante um aficionado diferente, mais aferrado às tradições e sem aquela ânsia por conquistas tão comum a outras torcidas.

Ainda no domingo, fui ao estádio do Souza comentar o jogo contra o Abaeté para a Rádio Clube. Testemunhei a chegada de dezenas de torcedores, geralmente famílias inteiras, em clima de absoluta cordialidade, sem a postura ruidosa de remistas e bicolores. Avalio que isso só é possível pela ausência das famigeradas “organizadas”, responsáveis pelo acirramento de ânimos nos estádios.

Nas arquibancadas, até existem grupos uniformizados, mas que se comportam como desportistas. Não se vê apologia da violência, nem canções de guerra. Pode-se dizer que a Tuna tem uma torcida pacífica, essencialmente preocupada em torcer.

O emocionante final do jogo em Mãe do Rio, coroado pelo gol salvador de Giovane, foi a maior alegria cruzmaltina nos últimos anos. Mais que o título da primeira fase do Parazão e a classificação à etapa principal, o feito representa a ressurreição da Tuna para o futebol.

E isso não diz respeito exclusivamente aos tunantes. Significa que todas as demais torcidas saem lucrando, pois o campeonato não é o mesmo quando um clube centenário, detentor de dois títulos nacionais, é barrado no baile. O retorno da velha Águia garante um torneio com mais dois clássicos. Nesses tempos de times de aluguel e futebol-empresa, os demais clubes que me perdoem, mas a Tuna é fundamental.

A precária política de boa vizinhança entre Remo e Paissandu, que vinha sendo alardeada desde a negociação do atacante Héliton, com juras de amor eterno, parece em vias de virar guerra de bastidores. A trégua foi quebrada com a notícia de que a diretoria alviceleste passou a perna nos dirigentes azulinos. O atacante Rafael Oliveira, que vinha negociando com o Remo, firmou acordo para disputar o campeonato estadual pelo Papão.

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