quarta-feira, 17 de março de 2010

CRISE E DECADÊNCIA DO FUTEBOL PARAENSE

O futebol paraense, que já teve seus momentos de glórias num passado bem recente, parece que vive seu inferno astral. O estado que já teve dois clubes numa mesma edição da 1ª divisão nacional e outros na 2ª divisão, parece que não soube aproveitar a oportunidade. Agora, temos três clubes na série C e um na série D. Apesar de já ter conquistado sete títulos nacionais (Paysandu (3), Tuna Luso (2), Clube do Remo (1) e São Raimundo (1)), nas séries A/B/C/D e Copa dos Campeões, o futebol papa-chibé entrou em crise nos últimos anos. Talvez seja pelo excesso de amadorismo de seus dirigentes somado a desorganização e a falta de investimento nas categorias de base.

A Tuna Luso Brasileira, tradicional clube paraense, vencedor de 10 títulos estaduais, primeiro clube do norte a conquistar um campeonato brasileiro da série B, há muito vem se distanciando de sua principal marca registrada que é a de formar bons jogadores de futebol. Com isso, os resultados negativos são sentidos dentro e fora de campo e o departamento de futebol amador do clube continua lutando como pode para não fechar as portas.

FranciscoVasques, Joaquim C. de Magalhães Barata, Albino Vilhena, Ilidio Medeiros, Ilídio Gomes, Waldemar Ribeiro (1º.Pres. brasileiro – Decreto-Lei, 3199), Belmiro Nascimento, Acácio Sobral, Antônio Maria Fidalgo, Francisco Carrapatoso, Waldomiro M. Gomes, João A. Quental, Severino Santos, Dr. Abílio Brito, Firmino Oliveira, Cezário Torga, José Maria Russo, José Valente da Costa, João Pinho Guerra, Abel Borrajo, Francisco de O. Simões, Abel de Brito, Augusto Cunha, Albino Vilhena, Antõnio Lobo, Amadeu Dourado, Heronildes Gomes de Moura, Manoel Pereira do Nascimento, Orlandino Ventura, Ofir de Loyola, David Loureiro, Almerinda e Edith Arruda, Ema Vries, Clara Marques, Antonio Salvador, Antõnio Alves Velho, Manoel Martins, Bernardino Pereira Coelho, Miguel Cecim, Nagib Coelho Matni, Dionísio Ribeiro, Acacio Almeida e Silva, José Dias da Costa Paes, Augusto Viana, João Vaz Pisco, Péricles Oliveira e inúmeros outros que ajudaram ou continuam ajudando a fazer e contar a história social e esportiva da Tuna Luso Brasileira

Por dois anos seguidos (2008/2009), a Tuna não consegue classificação para a fase principal do campeonato paraense, competição que já conquistou por 10 vezes e foi 18 vezes vice-campeã. O clube até chegou a disputar a 1ª fase do campeonato de 2010 mas devido a falta de apoio e de estrutura não conseguiu classificação para a 2ª fase. A Lusa paraense utilizou apenas alguns atletas do sub-20 somados a outros jogadores que também foram formados na base mas que atualmente não pertencem mais ao clube e sim a uma cooperativa idealizada pelo técnico Carlos Lucena (ex-jogador da base da Tuna) para ajudar o clube nesta temporada.

Antes, as divisões de base da Tuna tinham apoio e eram bem mais estruturadas e muito procuradas pela tradição em revelar bons atletas para seu elenco de profissionais, para os demais clubes do Pará (principalmente Clube do Remo e Paysandu) e até para o restante do Brasil. Atualmente, apesar da falta de apoio, ainda há pelo menos cinco (precários) campos de treinamento para os atletas cruzmaltinos. Além do campo de areia, localizado ao lado do estádio, usado para as criança iniciantes, existe um campo auxiliar que é conhecido como "Xaxazão", localizado atrás das arquibancadas tobogã do estádio do Souza, que já revelaram diversos jogadores talentosos, como (após 1970) Manoel Maria, Odilson, Gonzaga, Mesquita, Marinho, Edson Cimento, Reginaldo, Bosco, Oliveira Pipoca, Fefeu, Ocimar, Quaresma, Ondino, Thiaginho, Dema, Ageu Sabiá, Giovani, Arinelson, Gauchinho, Nonato, Jobson, Sandro Goiano, Velber, Marlon, Flamel, Preto Barcarena, Wallace, Japonês, Dudu, Paulo Henrique (Petrobras-Ganso), Uerê e outros mais.

Time da Tuna Luso campeão paraense de 1970. Jogadores 100% da base.

O grande diferencial do clube de origem portuguesa ainda é a visibilidade. A Tuna Luso, apesar de ter menos apoio e força do que Clube do Remo e Paysandu, ainda assim, mantém suas categorias de base em atividade pois, sem elas, a diretoria dificilmente teria condições de contratar jogadores. De acordo com declarações dadas pelo diretor de esportes amadores, Charles Tuma, "A Tuna é um clube formador. Antes de irem para Paysandu ou Clube do Remo, os jogadores vêm antes na Tuna", afirma o diretor. "O grande problema é formar atletas e perdê-los. Outros clubes acabam se antecipando. A Tuna não tem visibilidade suficiente para que os atletas possam ser reconhecidos", finaliza Charles.

Já na opinião do técnico Carlos Lucena, "Nenhum jogador fica rico na Tuna mas tem muito jogador que passou pela Tuna e ficou rico depois".
Vestiário de futebol profissional da Tuna Luso
A Tuna Luso conta hoje com aproximadamente 130 atletas em quatro divisões de base. Apenas recebem ajuda de custo e três jogadores do sub-20 têm contrato assinado com a Lusa. O clube possui quatro treinadores, um preparador de goleiros e um massagista para as categorias de bases. A assistência médica e fisioterapêutica é feita por colaboradores de clínicas particulares.

Apesar da grave crise financeira e administrativa vivida pelo futebol paraense, principalmente pela Tuna Luso, espera-se que o cenário mude a partir deste ano pois o governo do estado resolveu dar incentivo ao esporte e apoiar o campeonato paraense de 2010 com virtuoso patrocínio aos clubes. A Tuna Luso, infelizmente, deixou de receber este patrocínio devido não ter se classificado para a 2ª fase do campeonato.

Jogador Uerê, formado na base da Tuna e transferido para o Fluminense-RJ em 2008. Uerê defendeu a seleção brasileira sub-15.

Uma coisa é certa, para os que acham que a Tuna Luso está sozinha neste crise está redondamente enganado pois tanto Clube do Remo quanto Paysandu, que deveriam dar mais apoio ao clube Luso, sempre se beneficiaram de jogadores formados na "Vila Olímpica" e sem eles acabam sendo prejudicados pois quando a Tuna deixa de formar e revelar bons jogadores, os dois rivais também ficam sem opção e acabam tendo que importar pencas inteiras de jogadores com qualidade técnica duvidosa, amargando prejuízos e quedas seguidas de divisão no futebol nacional.
A pequena mas fiel torcida cruzmaltina presente no Mangueirão em 2007, quando a Tuna Luso foi vice-campeã paraense.






Paulo Henrique, nos tempos em que jogava futsal na Tuna Luso, em Belém, e agora vestindo a camisa do Santos Futebol clube.
http://santos.globo.com/futebol_jogador.php?cod=1059

Se houver boa vontade, união e comprometimento de todas as partes interessadas, talvez o futebol do Pará volte a ter alguma chance de sobreviver.

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