domingo, 31 de agosto de 2008

Heróis paraenses perseguem o ouro




Atletas mostram força para brigar por medalha nas Paraolimpíadas
Leandro Lageda Redação


Até junho, o velocista Alan Fonteles era exemplo de superação. Mesmo sem ter parte das duas pernas, o jovem de 15 anos venceu as próprias limitações físicas para disputar provas de atletismo. Seguiu os passos do ídolo, o sul-africano Oscar Pistorius, recordista mundial nos 200 metros rasos. Depois de julho, o corredor se tornou mais do que uma lição de vida. Alan será um dos representantes brasileiros nos Jogos Paraolímpicos de Pequim, em setembro.
Na China, enfrentará o próprio ídolo. Pistorius tentou disputar as Olimpíadas, mas, como não alcançou os índices, voltará a competir nas Paraolimpíadas, onde nunca foi ultrapassado. 'Vamos nos encontrar nos 200 metros. É muito peso ter que enfrentar o melhor do mundo numa prova', diz Alan Fonteles, que nem pensa em abrir passagem para o ídolo. 'Vou treinar para ir para cima dele. Nesse caso, a situação muda um pouco.'
Alan tem pressa. Antes de viajar ao Oriente, o jovem atleta esteve em New Jersey, nos Estados Unidos, para treinar. Lá, percorreu os 200 metros em 24,39 segundos e bateu o próprio recorde. 'Estava me preparando para conseguir um bom resultado, mas não esperei que fosse tão rápido. Nos primeiros 100 metros, consegui pegar todos os atletas. Deixei uma distância muito grande do segundo', conta Alan.
Agora, com a certeza da vaga, o velocista quer voltar com medalha. Se conseguir, será o atleta paraense mais jovem a subir no pódio olímpico. 'Aos 15 anos, trazer uma medalha olímpica seria muito bom. Mas, se não der, paciência. É treinar para ver se consigo um bom resultado.'
Aos nove meses, Alan Fonteles usou as primeiras pernas mecânicas. Precisou ter as pernas amputadas no primeiro mês de vida, mas começou a andar antes dos dois anos. Hoje, está mais do que acostumado às limitações. No início deste ano, o velocista paraense ganhou as duas próteses 'chitas' do triatleta paraolímpico Rivaldo Martins, o que melhorou sua auto-estima e os índices nas pistas. Alan, agora, é pop star. Depois do assédio da imprensa, é reconhecido na rua, ficou famoso na escola. Mesmo assim, não se importa. Quer mesmo é continuar batendo recordes.
Os Jogos Paraolímpicos de Pequim começam em setembro, mas Alan está em Macau, cidade próxima de Pequim. Além de aumentar o ritmo de treinos, o atleta quer se adaptar ao clima poluído do País. 'Vou treinar e conhecer o local para se acostumar. Pelo que andam dizendo, o ar está muito poluído lá. Então, vai ser difícil se acostumar. Tanto eu quanto os outros atletas devemos ter dificuldades', explicou.
Em entrevista ao Amazônia, Alan lamentou o tempo longe da família nos próximos meses, mas comemorou a classificação. O corredor também comentou a oportunidade de enfrentar o próprio ídolo.

O que espera de Pequim?
Vai ser duro. Vou passar mais de um mês lá. Recentemente, passei uma semana em Nova Jersey e já foi difícil.
Por que diz que ficou surpreso com a classificação?
Pelo treinamento que estava fazendo, achei que iria esperar mais algum tempo para disputar as olimpíadas.
E quanto a ter um adversário como Oscar Pistorius?
É difícil. Ele tentou vaga para as Olimpíadas, mas não conseguiu. Só que vai disputar as paraolimpíadas.
Ansioso para conhecê-lo pessoalmente?
Sim. Ele já faz atletismo há bastante tempo, então sei que vou sentir algo diferente. Mas vou treinar e dar o máximo na corrida.
E como está a vida de astro, agora que está classificado para Pequim?
Ser conhecido em alguns lugares é algo muito bom. Mas tem o outro lado. É preciso saber dividir a hora de diversão e de treino.
Fonte: Amazônia Hoje - Edição de 31/08/2008

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