quarta-feira, 23 de março de 2011

ELE FAZ PARTE DA NOSSA HISTÓRIA

Faremos hoje uma merecida homenagem a uma das pessoas que muito tem ajudado a Tuna Luso Brasileira ao longo de sua trajetória. Vamos fazer um bate-bola de perguntas e respostas com o torcedor, sócio e ex-diretor de várias gestões, Jaime Fernandes Eiras, cruzmaltino de carteirinha registrada em cartório e um dos maiores abnegados que temos conhecimento no âmbito da Tuna Luso, pois mesmo estando morando por tanto tempo fora de Belém, continua demonstrando um grande amor pelo seu clube do coração, colaborando e dando sugestões a respeito do que acha ser melhor para a Tuna Luso.
Vamos ao bate-bola com esse grande torcedor da Tuna Luso Brasileira. 

Blog:  Qual o seu nome completo, onde e em que data nasceu?
Jaime: Jaime Fernandes Eiras. Nasci em Belém do Pará aos oito dias de março de 1949. Ou seja, tive a sorte de nascer no Dia Internacional da Mulher.

Blog:  Quais os nomes de seus pais?
Jaime: Joaquim Fernandes Eiras e Elvira dos Santos Eiras.

Blog:  Quais os nomes de sua esposa e de seus filhos?
Jaime: Sou casado há 33 anos com Cristina Nazaré da Costa Eiras. Temos duas filhas: Adriana e Josie, ambas casadas. A Adriana já nos deu um netinho, Daniel, mas a Josie ainda está nos devendo isso.

Blog:  Qual sua profissão?
Jaime: Sou geólogo, com especialização em petróleo. Minhas filhas dizem que eu tenho três amores: a Família, a Tuna e a Geologia, mais ou menos nessa ordem.

Blog:  Quem o levou e quando começou sua trajetória de torcedor e abnegado na Tuna?
Jaime: Eu nasci e fui criado na praça do Carmo, a menos de 100 metros da Sede Náutica da Tuna. Meu pai era tunante e sempre nos levava para assistir aos páreos das regatas. Íamos num barco do clube, que ficava fundeado na baía do Guajará. Na volta, tudo era alegria, pois, naquela época, a Tuna ainda mantinha a hegemonia que fez jus ao título de “Rainha do Mar”.
Alguns jogadores moravam na Sede Náutica, e freqüentavam a nossa mercearia situada na praça. Lembro-me principalmente de dois grandes goleiros da Tuna que iam lá: Sarará e, tempos depois, Délcio. Certa vez, o Sarará chegou lá e me perguntou se eu era tunante. Eu estava com a camisa da Tuna. Estufei o peito e respondi: o que você acha? Foi com grande satisfação que, anos depois, encontrei o Sarará numa manhã de jogo no Souza. Dei uma carona a ele na volta e fiz questão de relembrá-lo desse episódio.

Blog:  Quantas vezes assumiu algum cargo de diretor na Tuna e em quais gestões?
Jaime: Em virtude de compromissos profissionais, eu morei durante muito tempo fora de Belém, mas sempre procurava saber de notícias da Tuna, numa época de poucas facilidades de comunicação. Retornei a Belém em 1992. Tempos depois, fui convidado pelo falecido presidente do clube José Fernandes Rodrigues, meu grande amigo na época, a compor a diretoria social nas duas gestões dele. Continuei como diretor e depois vice-presidente social na gestão do presidente Alírio José dos Santos Gonçalves. Foram bons tempos. Fiz muitos amigos entre diretores, sócios, torcedores e funcionários.

Blog:   As modalidades que mais participou como diretor foi o social?
Jaime: Sim, como disse antes, atuei ativamente como diretor e vice-presidente social, mas, sempre que solicitado, colaborava da fiscalização durante os jogos de futebol.

Blog:  Algum causo ou acontecimento importante dos tempos de sede social e de náutica que
lembre e queira comentar?
Jaime: As festas na boate, as domingueiras na “pérgula” da piscila, como diz o Péricles, e a participação no concurso Rainha das Rainhas do Carnaval eram sempre uma “caixa de surpresa” em que tudo podia acontecer, mas foi aquele jogo do Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão, em que o Bahia ganhou da Tuna por 4 x 0 que me deixou mais preocupado, pois temi pelo patrimônio do clube. O presidente Alírio mandou vender ingressos a 1 real, e não tínhamos bilheterias suficientes para atender a todos aqueles torcedores querendo entrar. Ameaçaram derrubar o portão da Sede Social, e de repente eu vi a diretora Josete Pavão correndo em direção à Secretaria com a caixa de dinheiro. Quando tudo se acalmou, eu e mais alguns amigos tivemos que assistir ao jogo da sacada da boate. Foi realmente uma tarde difícil aquela: muita confusão no início do jogo e derrota da Tuna no final.

Blog: O que levou você a escolher a Tuna Luso para colaborar, por quanto tempo atuou e por que se afastou do clube?
Jaime: A Tuna é o meu clube do coração. Sinto-me na obrigação de ajudar de uma maneira ou de outra, pois quando o clube está bem eu estou feliz. Eu não me afastei da Tuna. No momento estou morando no Rio de Janeiro, por força da minha profissão, mas estou sempre procurando saber do que se passa em Belém.

Blog: Mesmo ausente de Belém, por questões profissionais, você é um dos maiores colaboradores da Tuna e principalmente das ações da ATAT. Tem planos futuros de voltar para Belém e novamente meter a mão na massa?
Jaime: No momento, tenho um contrato de trabalho por tempo indeterminado com uma empresa sediada no Rio de Janeiro. Não sei quando voltarei para Belém de vez. Espero que seja em breve.

Blog: Em sua opinião, qual foi a era de ouro da Tuna?
Jaime: Acho que foi no tempo em que esteve sob o comando de Francisco Vasques. Infelizmente, não vivi essa era, mas sempre ouvi os mais antigos falarem com saudade desse período.

Blog: Qual o motivo que levou a Tuna a deixar de formar bons atletas nos diversos esportes que disputava?
Jaime: No futebol, tenho certeza que a Lei Pelé foi prejudicial aos clubes que sempre investiram nas categorias de base. A Tuna foi uma das grandes prejudicadas.  

Blog: A Tuna ainda pode ser considerada “A RAINHA DO MAR” e “A ELITE DO NORTE”?
Jaime: O título de “Rainha do Mar” vem desde a década de 1920. Quem foi deca-campeã nas águas da Guajará será sempre majestade. Já a alcunha de “Elite do Norte”, pelo que eu sei, foi dada pelo presidente Cesar Mattar. Acho que é um título justo para uma associação que tem a audácia de ser ao mesmo tempo um clube desportivo, social e recreativo do porte que é.

Blog: Em sua opinião, o que a Tuna Luso precisa fazer para resgatar suas tradições e estrutura para poder voltar a formar grandes atletas e ter um grande número de associados?
Jaime: Precisa de grandes abnegados, como os que fizeram da Tuna um grande clube até um passado recente. Precisa ter uma administração assessorada por profissionais competentes. Precisa da colaboração e do empenho de todos, diretores, torcedores e sócios realmente tunantes.

Blog: Quais as principais carências que o clube apresenta hoje nas áreas social e esportiva e que precisam er sanadas?
Jaime: O caso da Tuna é diferente da situação dos nossos dois principais rivais, que têm grandes torcidas, vivem do futebol, para o futebol. Nós temos uma boa estrutura social ao lado de um modesto estádio de futebol. Na Tuna, as atividades sociais e esportivas precisam estar sincronizadas. O Projeto Tuna 2000 foi desastroso para o clube, pois foram vendidos títulos em quantidade bem superior àquela aprovada pelo Conselho Deliberativo. O clube se popularizou demais. Os grandes abnegados se afastaram, e os sócios tradicionais também. Os novos sócios tornaram-se inadimplentes, pois não tinham compromisso histórico com o clube. Deu no que deu.

Blog: Qual foi sua maior Glória que você alcançou na Tuna?
Jaime: Na entrevista que deu ao blog da ATAT em outubro de 2008, Fefeu disse que “o time da Tuna Luso, campeão paraense de 1970, foi o melhor que atuou em toda sua vida de jogador de futebol”. Eu completo e digo que aquele foi o melhor time da Tuna que eu vi jogar. O Fefeu estava lá no gramado com outros dez grandes jogadores, e eu lá na arquibancada, torcendo por todos eles. Depois da virada espetacular na primeira partida por 3 x 2 em cima do Paysandu, aquele 1 x 0 foi mais que merecido. Minha maior glória foi estar lá, torcendo, vibrando e acenando a bandeira cruzmaltina naquela tarde maravilhosa. Aliás, 1970 foi um ano excepcional para mim: Tuna campeã paraense com duas vitórias numa melhor de três; Vasco campeão carioca por antecipação em cima do Botafogo; e Brasil tricampeão mundial. Coincidentemente, todos com uma cruz de malta estampada no peito. Sim, porque o logotipo da antiga CBD e o atual da CBF trazem esse símbolo sagrado no escudo.

Blog: Alguma decepção?
Jaime: Sim, algumas, especialmente em relação à vaidade pessoal de alguns membros das diretorias, passadas e atual. Isso leva a desavenças internas, que só prejudicam o clube. Não posso dizer o mesmo dos torcedores. A torcida da Tuna é pequena, porém unida e aguerrida. O meu amigo Péricles costuma lembrar o saudoso Francisco Carrapatoso, que dizia: “para que brigarmos, se somos tão poucos”. Isto é verdade, pois poucos, quando unidos, são fortes; enquanto que muitos, se desunidos, são fracos.

Blog: Pode citar alguns nomes de cruzmaltinos ou simpatizantes que em sua opinião muito fizeram para o engrandecimento do clube?
Jaime: Não gosto de citar nomes quando o assunto é agradecimento ou homenagem, por receio cometer injustiça, mas Francisco Moreira Vasques foi o dirigente soberano; “a Tuna em pessoa”, no dizer de Manoel Oliveira. Seu nome é referência unânime, quando se fala nos grandes baluartes que fizeram a Tuna ser grande e respeitada.

Blog: O que acha da criação e da atuação da ATAT (Associação dos Torcedores e Amigos da Tuna)?
Jaime: Fico satisfeito em ver que a ATAT é dirigida por pessoas sérias, que procuram colaborar com a diretoria em todas as atividades, mas é preciso que outras pessoas ajudem também.

Blog: O que acha do técnico Flávio Goiano?
Jaime: Acho que as principais características de um bom técnico de futebol são liderança, para comandar o elenco, e competência, para definir as estratégias de atuação do time. Pelo que tenho lido e visto, entendo que o Goiano possui essas qualidades. Infelizmente, ele não pôde contar com todos os jogadores que atuaram na primeira fase. Torço para que ele consiga entrosar essa equipe o mais rápido possível.

Blog: Está confiante com o time da Tuna que disputa o Parazão deste ano?
Jaime: Ainda não é o time ideal, mas pode ter um desempenho melhor no segundo turno.

Blog: Gostaria de deixar alguma mensagem aos leitores do blog e torcedores da Tuna?
Jaime: O blog da ATAT tem recebido muitos visitantes. Isso mostra que é um meio de comunicação eficiente. O blog é ótimo, bem elaborado, e eu o acesso com freqüência. Quanto aos torcedores, peço que continuem incentivando, indo aos treinos e aos jogos da nossa querida Tuna.

Blog: Suas considerações finais.
Jaime: Quero parabenizar a diretoria da ATAT pelo trabalho que vem fazendo no sentido de reerguer o nosso clube. A Tuna merece esse esforço. Saudações tunantes a todos. 
Templo de Diana, Évora, Portugal. Jaime está ao lado de sua filha Adriana, na época grávida de 6 meses do seu netinho Daniel, divulgando as cores da Tuna em terras lusitanas.

E assim ficamos sabendo um pouco mais da bonita história de Jaime Fernandes Eiras e sua paixão pela Tuna Luso Brasileira. Gostariamos de poder fazer outros relatos com abnegados, ex-atletas, ex-diretores, associados, Beneméritos e GB 's que tiveram trajetória semelhante a de Jaime. Gostariamos de descobrir para o amigo visitante que temos gente de valor que fazem a Tuna Luso acontecer.
Ao Jaime Eiras o nosso muito obrigado por tudo que já fez e ainda continua fazendo pela Tuna Luso Brasileira.

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