domingo, 1 de agosto de 2010

Chegou a hora de confirmar o talento

Exito meteórico de Ganso culmina na 1ª convocação para a seleção

Quando o meia Paulo Henrique Ganso viajou para Santos, em 2005, com 15 anos e acompanhado da mãe Creuza Lima, seu objetivo era o de fazer um teste no clube da Vila Belmiro e dar um passo para o sonho de se tornar jogador de futebol. Mas havia um plano B: caso não conseguisse sucesso nos gramados, tentaria a faculdade de medicina. Cinco anos depois, tempo em que não teria nem mesmo concluído o curso superior, o jogador foi convocado para a Seleção Brasileira e chegou ao topo - coisa que poderia ter acontecido antes, na Copa do Mundo. Hoje, é idolatrado pelos alvinegros e apontado pelos craques de gerações passadas como o maior talento brasileiro dos últimos anos. Uma ascensão meteórica, fácil de entender ao se analisar os componentes da trajetória do craque.

Ganso nasceu em Ananindeua e viveu em um lar bem estruturado, onde nunca faltou carinho e apoio familiar. Todos os filhos da família Lima, Delfrancy, de 36 anos, Paula, hoje com 31 anos, Júlio, o Papito, de 29, e o próprio Paulo Henrique estudaram em escolas particulares, privilégio que poucos colegas de profissão tiveram. A educação explica a sóbria postura do meia, atributo que se percebe tanto dentro quanto fora de campo. Em casa, o pai, Julio, deixava bolas espalhadas pelos cômodos - chegou a pendurar uma no teto para que ele treinasse as cabeçadas. Calado e aparentemente tímido em casa, era bem relacionado no colégio, principalmente por mostrar nas peladas de intervalos de aula sua habilidade.

Ele começou a jogar bola na Tuna Luso. O piso era o salão. A habilidade era notável. Mas faltava um algo mais. Se infernizava os adversários com a canhotinha que hoje é notória, o pé direito ainda era uma lástima. Tanto é que o técnico Carlos Alberto Conceição, o Capitão, sempre o mandava usar a perna ruim. "Hoje quando o vejo dar passes ou marcar gols com a direita, sinto minha participação", diz Capitão, a quem Ganso não cansa de agradecer. Recentemente, mandou de Santos uma retribuição ao zelo do treinador: uma tevê LCD e o pacote completo de Campeonatos Estaduais e Nacionais para que o mestre pudesse assisti-lo jogar.

A transição para o campo se deu com a camisa do Paysandu, onde ficou até 2005. A saída foi precipitada pela opção de um treinador, que resolveu escalar Paulo Henrique na lateral direita. Creuza, mãe coruja, que entende de futebol e sabe quanto talento tem o filho, não concordou com a mudança e alegou que a troca apagaria o futebol do filho. Sem ressentimentos, deixou o Papão.
Antes de ir para Santos, dona Creuza, de DVD em punho, tentou um teste para o filho no Cruzeiro. Apesar de bem recebidos, a oportunidade não surgiu. Em um ato de coragem, Ganso e a mãe tentaram a cartada que mudaria o destino do filho. Depois de um contato com um ex-professor de educação física do jogador, e amigo de Giovanni, conseguiram um teste no Santos. Ficariam por 15 dias na cidade, mas a confiança era alta a ponto de levarem as malas e organizarem a mudança.

Ganso passou no teste. Seu futebol começou a aparecer em 2008, quando se destacou na Copa São Paulo de Futebol Junior. Foi promovido ao time profissional do Santos, então sob o comando de Emerson Leão. O técnico, porém, pediu que o garoto fosse devolvido à base, sob a prerrogativa de que era muito lento. Voltou no comando de Cuca, mas a demissão do treinador foi mais um baque para o garoto. Sua chance de ouro veio mesmo em 2009, quando o time, em má fase, precisava de um armador - Lúcio Flávio não estava dando conta do recado. Foi ao mundial sub-20, titular em todos os jogos, e ajudou no vice-campeonato da categoria pelo Brasil. A perseverança valeu ao Ganso viver seu sonho. Hoje o garoto é coroado e seu talento - ignorado, ou mal-interpretado, por alguns técnicos - prevaleceu.

FICHA TÉCNICA
Paulo Henrique Ganso
Nome completo: Paulo Henrique Chagas de Lima
Data de nascimento: 12 de outubro de 1989 (20 anos)
Local de nascimento: Ananindeua - PA
Altura: 1,84 m / Peso: 73 kg / Pé: canhoto
Clubes: Tuna (1996-2004), Paysandu (2005) e Santos (desde 2005)
Valor de mercado europeu: 8 milhões de euros (*)

(*) Fonte: site Transfermarkt.de, dedicado exclusivamente ao mercado de transferências no mundo de futebol.
fonte: Amazônia Jornal - Edição de 01/08/2010

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