domingo, 11 de julho de 2010

Remadora paraense está fora

Wildemar Paiva, o Lindão, técnico da Tuna

Técnico da atleta Nayara Pena, que hoje está na Gávea, afirma que houve discriminação da confederação

A Confederação Brasileira de Remo (CBR) não considerou os resultados oficiais da remadora paraense Nayara Pena, 17, e acabou não a relacionando para o Campeonato Mundial Juniores de Remo, de 1 a 8 de agosto, em Racice, na República Tcheca. A entidade ignorou a atual performance da atleta que recentemente trocou o Botafogo pelo Flamengo devido à boa proposta do clube da Gávea.
Um dos pontos sustentado pela CBR para a não convocação de Nayara é relacionado ao pouco tempo de atividades no remo brasileiro. Segundo informações da confederação, Nayara deveria ser mais experiente. Tese que é contestada pelo técnico Wildemar Paiva, o Lindão, da Tuna, responsável pela ascensão da paraense no remo paraense e nacional.
Com experiência de quase quatro décadas dedicada ao esporte, Lindão aponta a atleta como fenômeno do remo brasileiro. ‘’Não procede esta situação colocada pela confederação. Ora, se ela tem apenas um ano de remo e está fazendo estes ‘estragos’, então, ela é excepcional. Deveria ser convocada pra seleção, e com certeza traria medalhas. Vejo essa situação como uma discriminação ao remador do Norte". Segundo o técnico, "Nayara não é um futuro, mas uma realidade do remo brasileiro, pois com 17 anos já atingiu nível elevado e superou o patamar pré-estabelecido pela confederação para treinos da seleção brasileira. Por que, então, não foi convocada?", indaga. Lindão diz ainda que a jovem, na idade dela, tem o segundo melhor tempo de skiff no remo indoor no mundo. ‘’É mais um ponto favorável para ela, contudo, Nayara está fora do mundial por capricho da confederação’’, ressalta.
Indagado se houve interferência do Botafogo pelo fato da paraense ter se transferido para o Flamengo, o treinador acredita que não, mas fica em dúvida. ‘’Tudo é possível, né?’’, diz.
Nayara está passando uns dias em Belém. Licenciada pelo Flamengo, veio rever familiares. Ela viajou para o Rio no começo do ano, desde então não vê pais e amigos. A história de Nayara no esporte paraense é sublime. Cria da natação da Tuna, foi várias vezes campeã pela Cruz de Malta. Depois quis seguir no futebol feminino. Andou jogando pelo Independente, onde ganhou o carinhoso apelido de Mutante. Depois foi praticar remo, onde teve suas primeiras remadas no Leão Azul.
Flamengo ofereceu o dobro do salário
Já com perfil de remadora Nayara passou para a Tuna. Sob orientação técnico de Wildemar Paiva despontou na baía de Guajará. Vencido o primeiro desafio, ela se transferiu para o Botafogo, do Rio, que nada pagou a Tuna. Ganhou uma remadora de primeira qualidade.
O alvinegro carioca começou a falhar com a paraense. Além da demora do repasse da ajuda de custo da remadora, também não cumpriu com a promessa de doar passagem para visitar parentes em Belém. ‘’Outros remadores ganhavam passagens, eu não. A situação começou a piorar com atraso da minha bolsa de ajuda. Um dia recebi convite de um dirigente do Flamengo. Conversamos bastante e diante dos fatos resolvi aceitar a proposta deles (Fla)’’, relata, acrescentando que além da passagem aérea para Belém, terá ainda o dobro do salário que o Botafogo pagava, netbook, alimentação, moradia e colégio pago pelo clube. ‘’É um clube que lhe oferece toda uma estrutura’’, conta. Também o Vasco tentou contratá-la.
Reforço - Neste ano, Nayara não pode mais remar pelo Flamengo devido a ter participado de competição oficial pelo Botafogo, mas vai disputar o campeonato Sul-americano no mês de novembro pelo rubro-negro carioca. Para mantê-la em forma o Flamengo decidiu emprestá-la à Tuna para disputar a quarta e quinta regata do campeonato paraense. Detalhe no troca-troca: a Tuna pede sua transferência do Botafogo e depois repassa ao Flamengo. Hoje uma transferência interestadual é grátis, segundo regulamento da CBR, ao contrário de transferência local.
Mayara, ao lado das gêmeas Dani e Gabi, do nado sincronizado, são agora as maiores representantes do esporte paraense no maior clube do Brasil. ‘’Se antes já era Mengão, agora sou dez vezes mais’’, diz, orgulhoso, Nélio Penna, que foi jogador amador na juventude.

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