quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O antigo celeiro de craques



Matéria de 27/10/08 por Thiago Martins

A Tuna é a fonte de riquezas do futebol paraense. Os campos da Vila Olímpica revelaram jogadores como Manuel Maria, Giovanni, Jóbson... Hoje, continuam formando atletas de destaque. Os volantes Paulo de Tárcio, do Paysandu, e Marlon, do Remo, são exemplos disso. Sem dinheiro para grandes contratações, a saída encontrada pela Lusa foi investir nas categorias de base, que funcionam. A duras penas, mas funcionam. E, apesar das dificuldades, ainda têm mais estrutura do que as bases de Leão e Papão.
'É uma luta muito grande dos garotos. Alguns são recompensados, outros não', diz Ronaldo Arruda, 43 anos, técnico do sub-20 cruzmaltino. A cada vinte ou trinta boleiros das categorias de base, apenas três ou quatro sobem para o futebol profissional. Quem não consegue fica em segundo plano nos clubes. 'Se entrar algum recurso, vai para o profissional. Daí, o material que era deles vem para o sub-20. O que era nosso vai para o sub-17. E assim por diante', explica o volante Rorati, de 19 anos.
Nascido em Tomé-Açu, Rorati veio a Belém por dois motivos: os estudos e a bola, claro. 'Lá, só fica quem quer ser professor', conta o volante. Na hora de escolher onde jogar, visitou a Vila Olímpica e ficou. 'Escolhi a Tuna porque dá oportunidades para jogadores do interior e porque, apesar dos problemas, oferece mais condições para os atletas. Não é porque os clubes estão em crise que vou me desmotivar', diz Rorati , que entrou no sub-15 e, hoje, defende o sub-20 tunante.
Além da busca por oportunidades, os aspirantes a jogadores ainda lutam por condições básicas de moradia enquanto estão nos clubes. É o caso do volante Tocantins que, como o próprio apelido revela, veio de longe para jogar futebol no Pará. No começo, treinaria no Paysandu. Depois, se viu obrigado a ir para a Tuna Luso, de onde só quer sair para times de grande porte. 'No Paysandu, eles não davam condições de alojamento para os atletas da base. Então, escolhi vir para cá', conta.
Não é só no histórico de revelações que a Tuna Luso leva vantagem. Para Ronaldo Arruda, outra conveniência da Vila Olímpica é o espaço físico destinado às categorias de base. 'O Paysandu leva seus jogadores para o campo do Tenoné. E não sei nem onde estão treinando os jogadores do Remo', acusa o treinador. Por outro lado, na Lusa, o futebol está longe de ser prioridade. 'O futebol da Tuna não recebe grandes investimentos. Até porque a maior receita do clube não vem do futebol', revela.
Esforço para alcançar os objetivos
A passagem de ônibus custa R$ 5. Mesmo assim, o meio-campista Castanhal, de 19 anos, faz 'bico', consegue o dinheiro e viaja por mais de uma hora da Cidade Modelo até chegar à sede da Tuna Luso. Não é o aluno mais assíduo, nem o mais talentoso. Mas, sem dúvida, é um dos mais esforçados. 'Só penso em ir para o futebol profissional, arrebentar num time grande para ajudar minha família', diz o jogador, descrevendo o sonho de todos os companheiros da equipe sub-20 cruzmaltina.
Boa parte dos jogadores das categorias de base é como Castanhal, de origem humilde. Por isso, o trabalho nas escolhinhas e nos 'subs' acaba se tornando social. 'Nem todos eles serão jogadores de futebol, mas, pelo menos, estão longe da rua e do crime', argumenta Ronaldo Arruda. Na Tuna Luso, a base é formada por quatro equipes: sub-13, sub-15, sub-17, sub-20. Todas estão lotadas de alunos, que disputam apenas dois campeonatos por ano, o Torneio Metropolitano e o Campeonato Paraense de Bases.
Além do clube, os principais investidores desses atletas são os pais. 'A Tuna dá a estrutura, mas é a família quem banca tudo, são nossos pais que nos motivam a continuar', comenta o goleiro Djam Rodrigo, de 18 anos. Vindo de Irituia, interior paraense, Djam começou a jogar nas categorias da base azulinas. Chegou a disputar o sub-17 e o sub-20 pelo Remo, mas, como não teve oportunidade, pediu ajuda para o ex-treinador Carlos Lucena, da Tuna. 'Fiquei aqui pelo apoio e pelo alojamento, que o Remo não oferecia', revela.
Para Djam, a principal desvantagem da categoria de base da Tuna Luso é conseqüência da crise financeira que atinge o clube. 'Aqui, temos alojamento e recebemos todo o apoio, mas ainda falta uma ajuda de custo', diz o goleiro. 'Vontade dos atletas não falta. O que falta é recurso para o futebol amador', complementa o volante Tocantins. Apesar das dificuldades, os atletas das bases continuam treinando três vezes por semana, sem receber nada por isso. Só com a expectativa de, um dia, ser um Manuel Maria, um Giovanni, um Jóbson.
Preparação física e muita motivação
Mais do que treino, o dia-a-dia das categorias de base é dividido entre preparo físico, fundamentos do futebol e, acima de tudo, motivação. Enquanto o sub-20 treina com bola parada no campo social da Vila Olímpica, Arruda grita para os rapazes: 'Anda, chuta direito! Não quer ser um Roberto Carlos? Não quer ser um Rogério Ceni? Acerta no gol!'. O sonho de ser jogador e a motivação dos profissionais formam o elo entre os atletas da base e os clubes.
Os melhores campos, os melhores materiais, os melhores campeonatos ficam para a equipe profissional. Mesmo assim, os aspirantes cruzmaltinos não precisam de muito para terem vontade de treinar novamente. 'Todos nós ganhamos pares novos de chuteiras', comentam, assim que deixam o treinamento. Para os jogadores, o presente do clube foi o maior acontecimento da semana passada. Na próxima semana, começarão a disputar o Campeonato Paraense Sub-20 com um novo 'gás'.
fonte: Amazônia Hoje

Um comentário:

  1. alguem sabe onde fik localizado a base sub 17 si e no estadio da tuna ou em outro lugar e onde eles fazem teste?

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