quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Jogo das Estrelas: não foi uma noite qualquer


BELÉM (PA) - Não era exatamente o público dos dias comuns das partidas de futebol em Belém. Não fosse, vez em quando, os cânticos das torcidas de Paysandu e Remo, e se pensaria estar em outro lugar e não num estádio de futebol. Mas essa era a intenção. E ela foi bem sucedida.Foi com pompa de festa que as 22 mil pessoas foram recebidas no Mangueirão. Nas arquibancadas, as bandeirolas do Pará davam o tom de orgulho na medida certa. Tanto que os gols da Seleção Paraense eram comemorados intensamente. Havia um sentimento dúbio. De um lado, a torcida pelas cores do Estado. Do outro, a torcida por Ronaldinho Gaúcho.
O número 10 entrou em campo como a estrela da noite. Pode até ter saído dela da mesma forma, já que a grife fala mais alto, mas quem deu o tom da partida mesmo foram alguns nomes locais. O goleiro Ângelo, o lateral Leandrinho, Vélber e Júnior Amorim não estavam muito interessados em ser apenas coadjuvantes. Acabaram por dar um tempero diferencial ao jogo, pelo menos, no primeiro tempo.
Uma partida festiva como a de ontem pode ser considerada uma prévia ou um pequeno teste do que pode vir a ser Belém como uma das sedes da Copa do Mundo. Como bem disse o radialista Frank Souza, como teste foi válido. “O que se Não foi uma noite qualquer tem para errar tem que ser agora”, disse ele. Opinião semelhante foi dada pelo comentarista esportivo Ivo Amaral e pelo repórter da TV RBA Lino Machado. “Foi importante para trazer visibilidade ao Pará”, disse Machado.
Os problemas são os de sempre. O trânsito nas imediações fica confuso, caótico em alguns momentos. Mas passado o sufoco, a experiência acaba sendo válida. Que o diga a família do comerciante Rui Fernando Vasconcelos. Ele já tem o hábito de ir ao Mangueirão. A família não. Rui levou mulher, dois filhos, um deles adolescente e outra, uma criança e a namorada do filho. Debutaram no estádio. Para Rui, o receio de fazer esse programa em dias de jogos normais não existiu no Jogo das Estrelas. “O clima é diferente”, explicou.
Durante todo o primeiro tempo, a partida foi o que menos importou para os familiares de Rui. Cantaram a plenos pulmões na hora do Hino Nacional. E depois desandaram a fazer fotos. Tudo era festa.
No gramado, esse clima de descontração também era nítido. Sem jogadas ríspidas, sem maiores esforços, a partida foi levada em ritmo de treino. Ronaldinho, por exemplo, limitou- se a tocar a bola lateralmente, evitando divididas ou arrancadas. Do lado paraense, a coisa não era bem assim. Para alguns, era o momento de mostrar serviço. Foi o que salvou o jogo de uma modorra geral.
E o desfile de ídolos recentes foi ao mesmo tempo gratificante e triste para a torcida paraense. Assistir a Charles Guerreiro, Vânderson, Robson, Vandick, Roma e Vélber, entre outros, dá a dimensão exata aos torcedores paraenses de como está o futebol local. Robson quase faz um gol no final do primeiro tempo. A torcida do Paysandu suspirou saudosa.
Mas ao final, o que se pode imaginar é a sensação vivida pelo lateral esquerdo Paulinho, a mais nova revelação da Tuna. Destaque na primeira fase do Campeonato Estadual, Paulinho entrou no segundo tempo e, em duas jogadas diretas com Ronaldinho Gaúcho, tomou-lhe a bola soberanamente. Terá um dia ele imaginado essa cena?
fonte: Diário do Pará - Edição de 24/12/2008

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