segunda-feira, 7 de julho de 2008

Manoel Maria em Belém










Paraense que marcou época no Santos ao lado de Pelé

Q
uando viu aquele moleque cabeçudo e moreno jogar, pegou o telefone e ligou para o amigo Edison. Tinha que levar o jovem atleta para a Vila Belmiro. Juntos, Mané e Edison foram à casa do boleiro. Naquele mesmo ano, Robson de Souza, o Robinho, vestiu a camisa do Santos pela primeira vez, graças ao olhar atento do ex-jogador paraense Manoel Maria, o Mané, e a seu amigo Edison, o Pelé.
A carreira do ponta-direita mocorongo não foi tão gloriosa quanto a do pupilo Robinho, mas, sem dúvida, foi meteórica. Mané Maria deixou o futebol da Tuna Luso e foi direto para a Seleção Brasileira Pré-Olímpica, em 1968. Defendeu a camisa verde-amarela no México e, quando voltou, substituiu Dorval no mesmo Santos em que Pelé jogou.
Em pouco tempo, e sem jogar em Remo e Paysandu, Mané se tornou um dos poucos representantes paraenses que defenderam a Seleção. Pelo Alvinegro, conquistou o bicampeonato paulista em 1968 e 1969 e se tornou um dos maiores ídolos santistas. Mas, nos anos seguintes, sofreu um acidente de carro e nunca voltou a jogar como antes.
Depois do triunfo, a decepção. Mané ainda venceu o terceiro Campeonato Paulista, em 1977, mas deixou os campos de lado cinco anos depois. Mas, o futebol, Mané nunca largou. Só que o ídolo da Vila Belmiro ainda tinha grandes feitos pela frente. Virou técnico das bases e, depois, olheiro do Alvinegro. Foi numa dessas peneiras que descobriu Robinho.
Manoel Maria encerrou a carreira como jogador há mais de 30 anos. Ainda assim, mantém a Escolinha de Futebol Manoel Maria, em Santos. Mané veio a Belém para lançar o Grupo de Trabalho da Copa do Mundo de 2014 e concedeu entrevista exclusiva a O LIBERAL. O ex-jogador paraense falou sobre as mudanças no futebol nos últimos 30 anos e comentou a possibilidade de Belém sediar o Mundial.

Você jogava como ponta-direita. Onde essa posição ficaria no futebol atual?
Seria um atacante, não é?
-Um jogador com um campo maior de ação. Não ficaria restrito à lateral do campo, como ficávamos naquela época.
Do que sente falta no futebol atual?
-De uma 'caneta', de um drible. Antes, havia mais lançamentos. Hoje, isso é mais difícil. São jogos mais cadenciados. Os jogadores mal dominam a bola.
E qual o ponto positivo agora?
-Todos, na verdade. O futebol mudou em relação à marcação, mas os jogadores têm de se adaptar. Os atletas, hoje, estão bem mais preparados.
Sobre a Copa do Mundo de 2014, você acha mesmo que Belém tem chance de ser sub-sede?
-As chances são muito grandes. Até porque há vontade de ter uma sede no Norte. Belém tem um dos cinco melhores campos, o que credencia a cidade a ser favorita.
Isso é suficiente para trazer o Mundial?
-No Pará, a paixão pelo futebol é muito grande. A rivalidade entre Remo e Paysandu, o Brasil todo vê. O fato de ter bastante torcida faz com que o Pará seja percebido.
Mas também falta muita coisa, não?
-Falta estrutura. E bastante. Tem de se investir em hotéis, centros de treinamento, no transporte. Só que todas as capitais precisam disso. Não é só Belém.
Você falou que o Brasil nota o futebol paraense. Você acompanha Remo e Paysandu?
-Sempre. Estou sabendo que o Remo ganhou. Já sei da crise financeira, da falta de pagamentos. Mas não é um mal só daí. O Palmeiras também está com esse problema.
Depois da Tuna, você é Remo ou Paysandu?
-Sou a favor do futebol paraense em geral. Sou Remo, Paysandu, Tuna. O que interessa é o futebol do Pará esteja em alta.
O 'descobridor' de robinho
Manoel Maria
parou de jogar bem antes do que imaginava, mas não perdeu o faro de gol. Fora dos gramados, especializou-se em pinçar craques no meio da turba de peneiradas na Baixada Santista, onde fixou residência. Foi numas dessas partidas entre centenas de garotos que ele 'descobriu' mais um garoto prodígio para a Vila Belmiro.
Robinho é brilho nos olhos de Manoel Maria. Graças ao ex-jogador, o garoto mirrado e cabeçudo, ainda pré-adolescente, pôde iniciar a carreira no Santos e, medidas as proporções, lembrar a Pelé, nem que fosse pelo biotipo.
Contudo, Robinho foi além, como esperava Manoel Maria. Deslanchou na Vila Belmiro, que ficou pequena. Foi para a Seleção Brasileira e passou a distribuir suas pedaladas no Real Madrid.

Fonte: O Liberal - Edição de 07/07/2008.

Um comentário:

  1. ,graças a Deus tem gente que preserva a maior gloria do futebol de todo sos tempos
    tem gente que comemora 26 titulos paulista desde 1910 e nega os oito titulos do santos que começou em 1960 cmo pode?

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