Série C de 1992 completa 30 anos
Torcida relembra data que, até o momento, não foi Celebrada pelo Clube ou comentada na crônica esportiva local.
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O time campeão: André, Varela, Mário Vigia, Guilherme, Juninho, Luís Otávio e Altemir. Ageu, Júnior, Ondino, Tarciso e Dema. |
No último dia 14/06 de 2022, o "Milagre do Baenão" completou três décadas. Pouco são os jogos tão enigmáticos e históricos como esse. A superação e a luta contra o tempo são marcas do segundo triunfo nacional da Tuna Luso Brasileira. A torcida, logo na data, não se absteve de comemorar e relembrar uma data tão importante. Nós, do Blog Tunante, fomos os únicos a comentar sobre nas redes sociais. Só depois de cobrança, o Clube publicou uma foto em comemoração à data, no Instagram. A crônica esportiva, em cadeias de rádio, televisão, jornal impresso e mídias digitais permaneceu em silêncio. Mas, convenhamos, não é novidade o pouco espaço que a Tuna possui nesses lugares, daí a importância e utilidade do presente Blog.
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Juninho, que fez o gol do título, segura a taça dos campeões. Foto: Octávio Cardoso/Diário do Pará. |
Nos ateremos, aqui, na edição de 15/06/1992 do caderno de esportes do Jornal Liberal, de Belém. O periódico nos conta a seguinte história:
A vitória do Coração
Tuna derrota Flu de Feira e é Bi-nacional.
O Liberal, caderno de esportes, 15.06.1992.
O que a Tuna não conseguiu durante 90 minutos, fez em apenas quatro: marcou dois gols e conquistou o título de campeã brasileira da Série C, na vitória dramática sobre o Fluminense de Feira de Santana (BA) por 3 a 1, ontem no Baenão (…) O jogo ficou dramático no final, principalmente após o empate da equipe baiana aos 42 minutos. Muitos torcedores deixaram o estádio não acreditando na reação da Lusa. No entanto, Manelão e Juninho garantiram o título, aos 45 e 49 minutos, respectivamente com gols típicos de quem não deixa de acreditar na vitória. A partida não foi digna de uma decisão de campeonato. O Fluminense (BA) preferiu jogar para garantir a sua vantagem (de perder até por um gol de diferença) e se retrancou, procurando explorar contra-ataques. A Tuna, por sua vez, precisava ganhar pela difrença de dois gols para ficar com o título. A equipe tunante entrou em campo determinada a reverter a vantagem do Fluminense ainda no primeiro tempo. Não fosse um erro do juiz amazonense Odílio Mendonça, o objetivo teria sido alcançado. Aos 12 minutos, ele anulou um gol de Tarciso, para expulsar os jagadores Dema e Zelito por troca de agressões no meio-campo. A Tuna procurava pressionar o adversário, mas esbarrava na forte retranca armada pelo Fluminense, que mesmo assim, chegou a ameaçar a defesa tunante. Aos 15 minutos, após cobrança de escanteio, Ageu cabeceou a bola na trave do goleiro Eugênio. A bola sobrou para Juninho que deu uma puxeta em direção ao gol encontrando novamente Ageu, desta vez livre de marcação para completar a jogada: Tuna 1 a 0.
Segundo Tempo.
Ao contrário do que acontecera no primeiro tempo, quando ainda tentou atacar, o Fluminense se fechou ainda mais na defesa. Aos poucos, o sufoco que a Tuna dava foi diminuindo. Isto aconteceu porque alguns jogadores sentiram o cansaço da correria em busca do gol. Varela foi substituído por Manelão, para reforçar o ataque, o que sobrecarregou Ondino no meio-campo. Mario Vigia também ficou esgotado fisicamente em função das contínuas jogadas de apoio. Para piorar a situação do time, o lateral Guilherme o melhor jogador em campo, se contundiu e teve que ser substituído por Charles que ficou na lateral-direita, enquanto Mario Vigia foi para a esquerda. O treinador Veraldo Santos [do Fluminense] percebendo que a Tuna começava a ficar frágil e partir para o desespero, ordenou a seus jogadores que explorassem contra-ataques pela direita para aproveitar o cansaço de Mario Vigia. O time conseguiu criar algumas jogadas perigosas e esteve perto de marcar o gol de empate. Mas ao mesmo tempo que criava oportunidades, O Fluminense corria o risco de sofrer segundo gol, pois embora cansado, Mario Vigia era a melhor opção de ataque, já que a fragilidade do time baiano era a sua lateral-direita.
Com alguns jogadores se aproximando do esgotamento físico, a Tuna diminuiu ainda mais a pressão que exercia sobre o Fluminense. Tudo levava a crer que a Tuna não conseguiria fazer o segundo gol e que o título ficaria com equipe baiana, que contava apenas com nove jogadores, já que Ieiê também foi expulso de campo. Aos 42 minutos, o centro-avante Ronaldo foi lançado e Juninho não conseguiu pará-lo. O lance foi fatal para a Tuna. Ronaldo chutou na saída de Altemir e empatou o jogo. O banco de reservas do Fluminense vibrou e passou a comemorar o título. Do lado da Tuna a tristeza tomou conta dos jogadores. A torcida já deixava o estádio, quando Manelão fez o segundo da Tuna, aos 45 minutos, completando um cruzamento de Mario Vigia. A esperança voltou a tomar conta dos jogadores cruzmaltinos, que partiram para o ataque em busca do terceiro gol, esquecendo totalmente o cansaço. Em decorrência de inúmeras paralisações provocadas pelo time baiano, o juiz Odílio Mendonça prorrogou o jogo por mais alguns minutos. Aos 49 minutos, a Tuna conseguiu um escanteio a seu favor. Junior cobrou e Juninho completou: Tuna 3 a 1. A festa foi geral. A Tuna sagrava-se campeã brasileira pela segunda vez. A torcida invadiu o gramado para comemorar o título. Mas o juiz ainda não havia encerrado a partida. Imediatamente os torcedores foram retirados de campo e tiveram que aguentar mais cinco minutos para vibrar em definitivo, a merecida conquista cruzmaltina”.
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Goleiro Altemir divide a Taça com o Presidente do Clube, Genésio Mangini. |
O gol de Juninho, por ele mesmo.
O zagueiro central Juninho revelado nas divisões inferiores da Tuna, autor do terceiro gol (…) disse ontem que partiu para o lance do gol com a convicção de que iria marcar. 'A gente sempre treina essas jogadas. O escanteio é sempre cobrado pelo Ondino, pelo Sanauto ou pelo Guilherme, e a minha colocação é na entrada da área. No momento em que a bola é cruzada, eu parto com velocidade e aproveito o impulso procurando superar os zagueiros adversários’, revelou o zagueiro tunante. Juninho chegou na Tuna ainda em 1989, 1992 foi seu primeiro ano como titular profissional.
Ficha técnica do jogo final.
TUNA 3 X 1 FLUMINENSE (BA). Data: 14/06/1992. Local: Estádio Evandro Almeida (Baenão), Belém, Pará. Público oficial: 6.217 pagantes. (Testemunhas afirmam que havia mais de 10 mil.) Renda: Cr$ 31.085.000.00. Árbitro: Odílio Mendonça (AM). Auxiliares: Iran Gonçalves Aranha (AM), Jorge Sabino Leite (AM).
TUNA COM: Altemir; Mário Vigia, Juninho, Luis Otávio, Guilherme (Charles); Varela (Manelão), Ondino, Dema; Júnior, Ageu, Tarciso. Treinador: Fernando Oliveira. OBS: O técnino Nélio Pereira estava cumprindo suspensão importa pela Justiça Desportiva e ficou junto à torcida, repassando informação ao Fernando Oliveira.
FLUMINENSE (BA) COM: Eugênio; Itamar, Neto, Estevam, Edinho; Zelito, Acácio e Dimas; Mococa (Marquinhos), Ronaldo, Ieiê. Treinador: Vevaldo Santos.
Cartões Vermelhos: Dema, Zelito, Ieiê. Gols; Ageu, Ronaldo, Manelão e Juninho.
Cartões amarelos: Charles, Dimas e Ieiê.
FONTE: DA COSTA, Ferreira. Memorial Cruzmaltino. Belém do Pará: Editora do Autor, 2012.